Lídio quer punir quem vende voto após TRE inocentar prefeita e deixar compra impune

O deputado estadual Lídio Lopes (sem partido) defendeu a mudança na legislação para punir eleitores que vendem os votos nas eleições. Ele defendeu a mudança na legislação após o Tribunal Regional Eleitoral negar o pedido de cassação da esposa, a prefeita de Campo Grande, Adriane Lopes (PP), e deixar impune a compra de votos nas eleições de 2024. Apesar de reconhecer a prática, os juízes, pelo placar de 5 a 2, julgaram o pedido improcedente. Um dos principais articuladores da campanha eleitoral da mulher, o deputado elogiou, em discurso realizado nesta quarta-feira (28), na sessão da Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul. “Não posso deixar passar incólume a oportunidade de parabenizar o TRE de Mato Grosso do Sul por fazer justiça na tarde ontem (terça-feira), pela grande vitória de 5 a 2”, gabou-se o deputado. Veja mais: Militante bolsonarista que foi a ato contra STF, Adriane pede respeito às urnas e à Justiça TRE reconhece compra de votos, mas, por 5 a 2, nega pedido para cassar mandato de Adriane “Cassar esse mandato não é afrontar a democracia, é restaurá-la”, defendem advogados Dos sete juízes eleitorais, cinco reconheceram que houve a compra de votos, com base nos depoimentos, vídeos e transferências via PIX – Alexandre Antunes da Silva, Márcio de Ávila Martins Filho, Carlos Alberto Almeida de Oliveira, Vítor Luís de Oliveira Guibo e Fernando Nardon Nielsen. O desembargador Carlos Eduardo Contar, presidente da corte, admitiu a hipótese. O único a questionar a compra de votos foi o desembargador Sérgio Fernandes Martins, classificado como “muito feliz em sua colocação” pelo marido de Adriane. No ano passado, a prefeita inaugurou uma praça com o nome da mãe do ex-presidente do Tribunal de Justiça. Compra de votos Lídio Lopes elogiou o parecer do procurador regional eleitoral, Luiz Gustavo Mantovani, que deu parecer contra a acusação de abuso de poder religioso. No entanto, o deputado não mencionou o parecer do mesmo procurador a favor da cassação do mandato da esposa e da vice-prefeita, Camilla Nascimento de Oliveira (Avante), por considerar contundentes as provas de compra de votos. “Nós precisamos urgente mudar, o Congresso Nacional precisa mudar a legislação eleitoral”, defendeu Lopes. “Se existe o corrupto, existe o corruptor”, pontuou o parlamentar, sobre quem compra o voto e quem vende. “Quem vende o seu voto, o sufrágio, não tem pena nenhuma”, lamentou. Ele defendeu que a lei mude para punir quem vende votos. O discurso do parlamentar vai de encontro à reação da sociedade campo-grandense, diante do resultado do julgamento da Justiça Eleitoral de MS, que enxergou a compra de votos, mas não puniu ninguém pelo crime eleitoral. Mundo capota O deputado ainda debochou dos adversários. “Aceita que dói menos, deixe as mulheres trabalharem”, afirmou. Ele não citou nominalmente, mas criticou o ex-prefeito Marquinhos Trad (PDT), o responsável por colocar Adriane na política ao indica-la como candidata a vice-prefeita em 2016 e 2020. Ele também acusou Rose Modesto (União Brasil), que perdeu no segundo turno por uma diferença de 12 mil votos e nunca questionou o resultado publicamente, pela ofensiva na Justiça pelo PDT e pelo Democracia Cristã. O deputado estadual Zeca do PT não perdeu a oportunidade de dar o troco no deputado, que é bolsonarista e chegou a participar de manifestação a favor do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em São Paulo. “Olha como o mundo não só gira, ele capota”, começou o ex-governador. Ele disse que entendia a angústia da prefeita e seus familiares, que ficaram angustiados a espera do julgamento do TRE. Zeca lembrou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) viveu o mesmo drama quando os bolsonaritas, que tinham o aval de Adriane e Lídio, acamparam na frente dos quartéis para questionar o resultado das eleições do ano passado.