Semana política foi de ‘troca-troca’ de partido a adiamento de debate sobre saída do PT

Após retornar da Ásia, onde visitou países estratégicos em busca de construir alternativas comerciais às barreiras de exportação imposta pelo governo americano, o governador Eduardo Riedel abriu a semana política de Mato Grosso do Sul ‘sacudindo’ o ninho tucano com a já esperada mudança de partido. O chefe do Executivo deixou o PSDB — Riedel era o último governador da legenda no Brasil — para se filiar ao PP, liderado pela senadora Tereza Cristina em MS. Voo já esperado pela passarada A mudança já era esperada nos bastidores da Governadoria e da Assembleia Legislativa, dispensando a surpresa dos aliados. Entretanto, ex-correligionários já sinalizam que não devem permanecer inertes. O movimento dado pelo governador, que em breve também será reproduzido pelo presidente regional do PSDB, Reinaldo Azambuja, já de ‘malas prontas’ para o PL do ex-presidente Bolsonaro, era a sinalização que faltava para alguns membros do ninho decidirem o futuro do partido em Mato Grosso do Sul. Enquanto encara uma realidade difícil no cenário nacional, com a perda de musculatura política na maioria dos estados, em MS o PSDB é ainda o partido com maior número de prefeitos e vereadores. A legenda, que tinha até então o chefe do Executivo estadual, conta ainda com a maior bancada na Alems. Entretanto, a revoada deve acontecer, mesmo com a visita simbólica do presidente nacional do partido, Marconi Perillo, na segunda-feira (18). O encontro, que aconteceu a portas fechadas na sede da governadoria às vésperas da saída de Riedel, teve exclusivamente a presença dos deputados federais da legenda. Integrantes da bancada estadual não aprovaram a conduta e avaliaram a decisão como “falta de consideração”. Outros parlamentares estaduais também viram na agenda, seguida da desfiliação de Riedel do ninho, a evidência “da extinção” do partido. Para o deputado Zé Teixeira, decano da Alems, o partido prioriza a bancada federal e se precariza a estrutura dos estaduais nos períodos eleitorais. Ele deve seguir o ex-governador Reinaldo Azambuja na filiação ao PL. Ficou para depois A filiação formal do governador às fileiras do Progressistas ocorreu em solenidade em Brasília, na terça-feira (19). O movimento partidário contribuiu para adiar o encontro entre o chefe do Executivo e a bancada do PT de MS, que deixou a base do governo enquanto Riedel estava em viagem. Nesta semana, Riedel afirmou que não teve a oportunidade de falar pessoalmente com as lideranças petistas e que foi comunicado pela imprensa acerca da decisão do PT em sair da sustentação do governo. O governador ainda destacou que até que o encontro ocorra formalmente, nada muda na estrutura administrativa do governo, isso porque o PT detém, ao menos, 20 indicações na gestão de Riedel. Dentre elas as chefias da Secretaria Estadual de Cidadania e da Agraer (Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural). A conversa que deve formalizar o ‘divórcio’ entre o PT e Riedel, após quase três anos de alinhamento administrativo e apaziguamentos no contexto político e ideológico, deve acontecer em breve colocando ‘em pratos limpos’ as expectativas não supridas após pressão da bancada por mais abertura do governador às necessidades de fortalecimento presidente Lula (PT) no estado. Ao contrário do que esperavam os deputados, Riedel se posicionou contra as medidas do ministro Alexandre de Moraes do STF que implicaram o ex-presidente Jair Bolsonaro, contrariando diretamente o que para o PT tem sido considerado como um resgate da democracia. Em Brasília Enquanto as movimentações partidárias movimentaram a pauta política, em Brasília, deputados e senadores de Mato Grosso do Sul atuaram na discussão de projetos relevantes no Senado e na Câmara Federal. Tema de repercussão nacional nos últimos dias após documentário publicado pelo influenciador Felipe Bressanim Pereira, que denunciou a exploração de menores por meio das redes sociais num conceito chamado de adultização, sete dos oito deputados federais por Mato Grosso do Sul foram favoráveis ao Projeto de Lei sobre a proteção de crianças em ambientes digitais. O PL ficou popularmente conhecido como PL contra a adultização de crianças e adolescentes. O único deputado de MS contrário à proposta foi Marcos Pollon (PL) sob argumento de que a narrativa de proteção à criança seria questionável aos parlamentares da esquerda, a quem acusou de defender o aborto e a sexualização de crianças. Pollon também disso que votaria não ao PL porque deve refletir em censura às plataformas de comunicação e também porque o acordo de líderes não teria sido cumprido após obstrução do plenário semanas atrás, que implicaram, inclusive, em denúncia contra o parlamentar. Já no Senado, as discussões em torno da manutenção da obrigatoriedade de 30% de candidaturas femininas foi tema de discussão pela parlamentar sul-mato-grossense Soraya Thronicke (Podemos). Durante votação da emenda ao projeto do Novo Código Eleitoral, foi preciso esforço de articulação da bancada feminina no Senado para que a pauta seguisse sob argumento de não precarizar as lutas pelo espaço adquirido pelas mulheres no processo eleitoral. Quem também teve protagonismo na agenda do Senado foi a congressista Tereza Cristina (PP). Além de integrar a CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) que vai investigar descontos indevidos em benefícios de segurados do INSS, Tereza presidiu o rito de eleição que definiu a presidência e relatoria da comissão. “Nós temos aqui uma CPMI importantíssima […]. A profundidade que nós temos que chegar, a isenção que nós temos que ter para que essa comissão tenha êxito. Não interessa aonde ela vai chegar e quem ela vai pegar. É um trabalho sério que eu tenho certeza que os colegas poderá levar a cabo e a fim”, disse durante a reunião. Na Capital Na esfera municipal, o destaque da semana política em Campo Grande foi para o posicionamento da prefeita Adriane Lopes (PP), que diante de ação da Justiça sobre reajuste a tarifa técnica do transporte coletivo de R$ 5,95 para R$ 7,79 em 15 dias, a gestora deve recorrer. “A procuradoria vai recorrer, porque nós temos meios e mecanismos para isso. Essa é uma pauta relevante para os campo-grandenses. Nós vamos seguir na defesa do usuário do transporte coletivo”, disse Adriane ao comentar a notificação. O desafio da administração é encarar o grupo empresarial que detém a exclusividade sobre o transporte coletivo da Capital sob lucros bilionários, incluindo isenções e descumprimento de normas contratuais que foram alvo de CPI na Câmara. A investigação expôs que a precariedade enfrentada pelo usuário dos ônibus pode não estar relacionada à falta de dinheiro para investimento no serviço, mas sim em razão das prioridades de gestão que movem o consórcio. A CPI deve entregar o relatório até o final de agosto com o parecer acerca das apurações. E por falar na Câmara de Vereadores, parlamentares da Capital aprovaram nesta semana dois projetos de lei da Prefeitura de Campo Grande, que visam à doação de dois imóveis públicos para a iniciativa privada. As propostas foram pautadas para votação no dia 19 de agosto e aprovadas no mesmo dia. Também na pauta do dia 19, foi concedido direito real de uso de dois imóveis públicos por empresas da Capital. No interior No interior o destaque da semana vai para Dourados, que perdeu o prazo do Ministério da Saúde e colocou em xeque os recursos milionários do Novo PAC Saúde para fortalecer a área de saúde mental do Município. Enquanto isso, vereadores da maior cidade do interior aprovaram projeto de lei que reconhece o ‘vira-lata caramelho’ como patrimônio cultural imaterial, além de ‘combo’ que aumenta verbas de gabinetes e diárias. Em Novo Horizonte do Sul, o prefeito Aldenir Barbosa do Nascimento, o Guga (PSDB), teve revés da Justiça ao ter recurso negado no processo de condenação por improbidade administrativa por desvios de R$ 1,2 milhão do HRMS (Hospital Regional de Mato Grosso do Sul). Ele atuou como diretor financeiro do hospital e foi condenado em 1º grau a pagar multas que somam R$ 351.439,73, além da perda da função pública. O processo é movido pelo Ministério Público, o qual aponta articulação dele, que teria se aproveitado da influência do cargo que ocupava para simular compra de insumos que nunca chegaram ao hospital. Em Corumbá, vereadores reconheceram que o veto que derrubou reajuste de 5,53% no salário dos 15 parlamentares, aumentando de R$ 13.202,55 para R$ 13.932,65, era legítimo. Na segunda-feira (18), o prefeito Dr. Gabriel (PSB) comunicou via Diário Oficial ao presidente da Casa de Leis que não acataria o Projeto de Lei n° 40/2025, sob justificativa da implicação do princípio de anterioridade. Entretanto, Ubiratan Canhete de Campos Filho, o Bira (PSDB), chefe do legislativo municipal, afirmou ao Jornal Midiamax que tudo não passou de um equívoco da própria Casa de Leis, que não teve atenção às datas relativas à aplicação da lei durante sua tramitação. O prefeito Manoel Nery, do PP, entrou na mira do MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) após abertura de inquérito civil para apurar possíveis irregularidades na criação de cargos comissionados e no aumento dos subsídios de secretários municipais pela Prefeitura de Camapuã. A investigação considera projeto de iniciativa do Executivo que foram aprovados por unanimidade na Casa de Leis no final do ano passado.
fonte: minutos ms