Estado de SP pode perder até 120 mil empregos com tarifaço de Trump, afirma Tarcísio
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O governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) afirmou neste sábado (26) que o estado de São Paulo pode perder até 120 mil empregos com a tarifa de 50% sobre exportações brasileiras impostas pelo presidente norte-americano, Donald Trump.
A medida, que deve passar a vale a partir de 1° de agosto, foi anunciada no início de julho em resposta ao julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) por tentativa de golpe de Estado.
"Temos feito várias simulações, e o efeito pode ser muito severo, de fato, do ponto de vista de economia, PIB, massa salarial e emprego. Isso pode trazer um efeito que pode variar de 0,3% a 2,7% do PIB, a gente pode estar falando de 44 mil a 120 mil empregos a menos. Isso eu estou falando só do cenário de São Paulo", declarou Tarcísio.
Em relação à agropecuária, o cultivo da laranja deve ser um dos mais afetados pelo tarifaço. A fruta é utilizada para fazer suco, um dos itens mais exportados pelo Brasil aos Estados Unidos. O governador paulista também disse que teme pelo setor de café.
"O que me preocupa é o pequeno produtor de café, porque em cada contêiner que sai do Porto de Santos, sai um blend de várias pequenos produtores cooperativados. Me preocupa uma empresa global como a Caterpillar que pode desligar a chave aqui. Isso tem efeito de cadeia", afirmou.
Para o governador do Paraná, falta diálogo entre o governo petista e os EUA. "[O que falta] é alguém ir lá e sentar com os EUA, como fizeram Canadá, Índia, China, México, e parar de falar de desdolarização do comércio. O Trump não pegou o Brasil para discutir esse assunto por causa do Bolsonaro. O Bolsonaro não é mais importante do que a relação Brasil e EUA."
Caiado criticou a conduta do presidente no evento. "O Lula não quer resolver o problema do tarifaço, vamos ser realistas [...] A chancelaria brasileira já foi tida como uma das melhores do mundo, eles destruíram o Itamaraty. Hoje é muito mais um Itamaraty ideológico do que de buscar soluções."
Durante o painel, Tarcísio também criticou indiretamente, sem citar o nome do presidente Lula (PT), a atuação do governo federal no embate com Donald Trump.
"A pior agressão à soberania é a divisão interna, é o que enfraquece o país. Então, se a gente não colocar a bola no chão, agir como adultos, e não resolver o problema, quem vai perder é o Brasil", criticou.
Logo após o tarifaço, Tarcísio adotou um tom crítico ao governo federal, responsabilizando Lula pelas tarifas. Dias depois, suavizou o discurso e defendeu a união de esforços entre os governos estadual e federal para enfrentar os efeitos das sanções e elogiou a atuação diplomática do governo petista.
O deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) chegou a criticar a postura de Tarcísio. O filho do ex-presidente defende o fim das tarifas de 50% com uma anistia ampla para os acusados de articular uma trama golpista para mantê-lo no poder. Na avaliação de Eduardo, a postura do governador de tentar negociar esvazia esse plano.
Em meio ao anúncio do tarifaço, o maior centro de comércio popular na América Latina, a Rua 25 de Março, localizada no Centro de São Paulo, entrou na mira do presidente norte-americano por conta da venda de produtos falsificados e da falta de proteção dos direitos de propriedade intelectual.
Em 15 de julho, o Escritório do Representante de Comércio dos Estados Unidos anunciou a abertura de uma investigação comercial contra o Brasil por ordem do republicano.
No documento, divulgado pelo governo americano, a região da Rua 25 de Março é apontada como um dos maiores mercados de produtos falsificados do mundo, permanecendo assim há décadas, apesar de sucessivas operações policiais.
"O Brasil adota uma série de atos, políticas e práticas que aparentemente negam proteção e aplicação adequadas e eficazes aos direitos de propriedade intelectual. Por exemplo, o país não conseguiu combater de forma eficaz a importação, distribuição, venda e uso generalizados de produtos falsificados, consoles de videogame modificados, dispositivos de streaming ilícitos e outros dispositivos de violação", afirma o documento.
Na avaliação do escritório, a falsificação persiste especialmente na 25 de Março devido à ausência de sanções, penalidades e medidas que desestimulem essa prática ilegal a longo prazo.